O assunto já é conhecido de todos – a violência nas escolas. O problema tomou proporções assustadoras. Os professores estão acuados. As agressões nas salas de aula vão dos insultos verbais aos desacatos pessoais e, muitas vezes, à violência física.
Igual vandalismo ocorre com o equipamento escolar. As carteiras são rabiscadas com palavreado ofensivo, os banheiros são emporcalhados, impedindo o uso decente, os livros das bibliotecas são depredados com raiva.
Os professores estão cada vez mais temerosos. Já se fala em fobia escolar. Muitos deles têm medo de entrar na sala de aula, pois sabem que são impotentes para enfrentar a agressividade da adolescência dos dias de hoje.
A situação é muito grave.De todas as explicações, impressiona-me a que analisa com profundidade a nova família. O mundo mudou mais ainda. No passado, errava-se pelas agressões autoritárias praticadas contra os filhos por motivos banais. Hoje, erra-se pela falta de regras com que são criados os filhos.Penso ser pouco numeroso o grupo de alunos que são disciplinados em casa e indisciplinados na escola. O comportamento escolar reflete, em grande parte, o que é ensinado pelos pais. Os pais modernos ficaram sem tempo para educar os filhos. Estes tendem a ficar sozinhos em casa ou envolvidos por verdadeiras gangues cujo padrão de comportamento vai do assalto verbal à agressão física, passando pelas drogas e sexo descontrolados. A família moderna terceirizou a educação dos filhos.
Mas o problema está longe de ser resolvido, porque os adolescentes agressivos e violentos estão, na verdade, mostrando o resultado do abandono familiar. É um problema de grande gravidade, que não se resolve com atos de governo ou com punições dos jovens. Os pais têm de se conscientizar de que a escola não pode consertar o que eles estragam em casa.
Antônio Ermírio de Moraes Folha de S. Paulo
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